terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O trabalho pedagógico em cenários presenciais e virtuais no ensino superior


Segundo Moreira (2010) os professores do Ensino Superior devem ultrapassar a fase de receio de utilizar as novas tecnologias de informação e comunicação e perceber que será facilitador de aprendizagens, orientando os alunos, fornecendo-lhe pistas e objetivos concretos para que saibam tratar a informação a que têm acesso na Internet, desenvolvendo simultaneamente o seu espírito crítico e estimulando-os a desempenhar um papel mais criativo. Para que tal seja possível os professores devem ter uma formação sólida que lhes permitirá selecionar as ferramentas pedagogicamente adequadas e criar os seus próprios materiais didáticos, passando a desempenhar um papel diferente, pois já não são os únicos detentores e transmissores de informação e saberes.
Para além do investimento em equipamento, deve ser feito um forte investimento na área da formação de professores, para os sensibilizar para o seu novo papel e necessidade de integração das TIC na sala de aula de forma enquadrada e sistemática, e para dotá-los das ferramentas e competências para a sua utilização autónoma e criativa.
Contudo, não se deve sobrevalorizar a tecnologia, mas antes valorizar-se a pedagogia utilizada que determinará a sua utilização na sala de aula.
A modalidade do e-learning que tem vindo a ser cada vez mais difundida, pretende criar ambientes virtuais de aprendizagem suportados pela tecnologia, com o objetivo de criar conhecimento, recorrendo a estratégias potenciadoras de criação de uma rede de conhecimento e interações, sem os condicionalismos de espaço e tempo, aumentando a oportunidade de acesso e permanência, qualidade e eficácia na obtenção de melhores resultados dos alunos no Ensino Superior.
Sem uma adequada formação de professores, correr-se-ia o risco de alguns se limitarem a transpor as práticas de um ensino presencial para os ambientes de ensino on-line, transformando as plataformas em repositórios de informação, onde se fornece material didático e receção de atividades on-line.
O modelo proposto por Salmon (2000) nos ambiente de B-learning, além do suporte tecno- lógico, a função do professor de promover o acesso, motivar e facilitar a interação social na troca de informações é fundamental, para mediar o processo de construção de conhecimentos, que será da exclusiva responsabilidade do estudante.
Segundo Garrison & Anderson (2003) a presença cognitiva corresponde ao que os estudantes podem construir e confirmar com base numa reflexão crítica e sustentada.
A presença social corresponde à capacidade dos membros se projetarem a nível social e emocional, através daquele meio de comunicação.
A presença de ensino é a direção, o design, a facilitação da presença cognitiva e social no sentido da realização dos resultados da aprendizagem significativa.

No ano letivo de 2009/10, implementou-se este modelo  na UC de Dinâmicas do Mundo Contemporâneo e Evolução do Espaço Português, no Instituto Piaget para que se pudesse aferir da sua eficácia, dado que a teoria desenvolvimentista de Piaget correspondia a esta nova forma de encarar o processo de ensino-aprendizagem, enquanto processo social que facilita a colaboração e a interação entre as pessoas e os conteúdos. Este modelo favorável ao professor do protótipo construtivista, torna-o responsável por identificar os conhecimentos relevantes, propor experiências que levem ao discurso crítico e à reflexão, diagnosticando e avaliando os resultados de aprendizagem, exigindo equilíbrio entre o controlo e a responsabilidade.
Essa experiência com a plataforma Moodle veio confirmar as pesquisas nacionais e internacionais desenvolvidas por outros professores e investigadores desta área, permitindo concluir que os sistemas de gestão de aprendizagem permitem olhar o processo ensino-aprendizagem sob outra perspetiva. Não se trata, exclusivamente, de introduzir a tecnologia na sala de aula, mas sobretudo alterar mentalidades e práticas. Tal mudança cultural, obriga a repensar-se o papel do professor e dos alunos, a relação que se estabelece entre os intervenientes no processo, os conteúdos apropriados, sua estruturação e planificação curricular, sistemas de avaliação, formas de ensinar e aprender e metas de aprendizagem a alcançar.

Referência bibliográfica:
Moreira, J.A. M. e Monteiro, A. M. Educação & Tecnologias (Novembro, 2010)