Segundo Moreira (2010) os professores do Ensino Superior
devem ultrapassar a fase de receio de utilizar as novas tecnologias de
informação e comunicação e perceber que será facilitador de aprendizagens,
orientando os alunos, fornecendo-lhe pistas e objetivos concretos para que saibam
tratar a informação a que têm acesso na Internet, desenvolvendo simultaneamente
o seu espírito crítico e estimulando-os a desempenhar um papel mais criativo.
Para que tal seja possível os professores devem ter uma formação sólida que
lhes permitirá selecionar as ferramentas pedagogicamente adequadas e criar os
seus próprios materiais didáticos, passando a desempenhar um papel diferente,
pois já não são os únicos detentores e transmissores de informação e saberes.
Para além do investimento em
equipamento, deve ser feito um forte investimento na área da formação de
professores, para os sensibilizar para o seu novo papel e necessidade de
integração das TIC na sala de aula de forma enquadrada e sistemática, e para
dotá-los das ferramentas e competências para a sua utilização autónoma e
criativa.
Contudo, não se deve
sobrevalorizar a tecnologia, mas antes valorizar-se a pedagogia utilizada que
determinará a sua utilização na sala de aula.
A modalidade do e-learning que
tem vindo a ser cada vez mais difundida, pretende criar ambientes virtuais de
aprendizagem suportados pela tecnologia, com o objetivo de criar conhecimento,
recorrendo a estratégias potenciadoras de criação de uma rede de conhecimento e
interações, sem os condicionalismos de espaço e tempo, aumentando a oportunidade
de acesso e permanência, qualidade e eficácia na obtenção de melhores
resultados dos alunos no Ensino Superior.
Sem uma adequada formação de
professores, correr-se-ia o risco de alguns se limitarem a transpor as práticas
de um ensino presencial para os ambientes de ensino on-line, transformando as
plataformas em repositórios de informação, onde se fornece material didático e
receção de atividades on-line.
O modelo proposto por Salmon
(2000) nos ambiente de B-learning, além do suporte tecno- lógico, a função do
professor de promover o acesso, motivar e facilitar a interação social na troca
de informações é fundamental, para mediar o processo de construção de
conhecimentos, que será da exclusiva responsabilidade do estudante.
Segundo Garrison
& Anderson (2003) a presença cognitiva corresponde ao que os estudantes
podem construir e confirmar com base numa reflexão crítica e sustentada.
A presença social corresponde à capacidade dos membros se projetarem a
nível social e emocional, através daquele meio de comunicação.
A presença de ensino é a direção, o design, a facilitação da presença
cognitiva e social no sentido da realização dos resultados da aprendizagem
significativa.
No ano
letivo de 2009/10, implementou-se este modelo na UC de Dinâmicas do
Mundo Contemporâneo e Evolução do Espaço Português, no Instituto Piaget
para que se pudesse aferir da sua eficácia, dado que a teoria desenvolvimentista
de Piaget correspondia a esta nova forma de encarar o processo de
ensino-aprendizagem, enquanto processo social que facilita a colaboração e a
interação entre as pessoas e os conteúdos. Este modelo favorável ao professor
do protótipo construtivista, torna-o responsável por identificar os
conhecimentos relevantes, propor experiências que levem ao discurso crítico e à
reflexão, diagnosticando e avaliando os resultados de aprendizagem, exigindo equilíbrio
entre o controlo e a responsabilidade.
Essa experiência com a plataforma
Moodle veio confirmar as pesquisas nacionais e internacionais desenvolvidas por
outros professores e investigadores desta área, permitindo concluir que os
sistemas de gestão de aprendizagem permitem olhar o processo ensino-aprendizagem
sob outra perspetiva. Não se trata, exclusivamente, de introduzir a tecnologia
na sala de aula, mas sobretudo alterar mentalidades e práticas. Tal mudança
cultural, obriga a repensar-se o papel do professor e dos alunos, a relação que
se estabelece entre os intervenientes no processo, os conteúdos apropriados,
sua estruturação e planificação curricular, sistemas de avaliação, formas de
ensinar e aprender e metas de aprendizagem a alcançar.
Referência bibliográfica:
Moreira, J.A. M. e Monteiro, A. M.
Educação & Tecnologias (Novembro,
2010)
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