Segundo algumas investigadoras
portuguesas, o aparecimento nas décadas 60 e 70 do século XX das novas tecnologias
suscitou alargado debate sobre a sua introdução no ensino e a necessidade dos
professores inovarem as suas práticas. A partir da década de 90, com a utilização
massiva do computador, ao qual se juntou a Internet, constatou-se que as
tecnologias da informação e comunicação invadiram e modificaram completamente os
modos de vida quotidianos. Neste contexto, a escola não poderia continuar
indiferente à mudança de uma sociedade que, outrora, associava a falta de
conhecimentos à falta de informação, e que passa a encarar a falta de
conhecimento ao excesso de informação e dificuldade em desenvolver competências
para apropriar-se dessa informação, criando conhecimento individual ou
coletivo, mobilizável e útil ao próprio contexto em que cada ser humano se
movimenta (Pereira).
De igual modo, Guilhermina Miranda
(2007) salienta a importância da literacia informática, enquanto “conjunto de conhecimentos, competências e
atitudes em relação aos computadores que levam alguém a lidar com confiança com
a tecnologia computacional na sua vida diária.” (McInnerney, McInnerney&
Marsh; Soloway, Turk & Wilay, citados por Tsai& Tsai, 2003,p.48) e cujo
objetivo deveria ser apoiar o professor, permitindo-lhe a utilização de
processos que integram recursos técnicos e mobilizá-los com “atitudes
positivas” de confiança e sem ansiedade, tendo em vista a melhoria da
aprendizagem dos seus alunos.A partir de 2007, o Ministério da Educação implementou o maior programa de modernização tecnológica das escolas portuguesas, com o objetivo de criar infraestruturas tecnológicas, disponibilizar conteúdos e serviços em linha, e reforçar as competências em TIC de alunos e professores. Com este programa pretendeu-se transformar as escolas portuguesas em espaços de interatividade e partilha sem barreiras, preparando as novas gerações para os desafios da sociedade do conhecimento. Efetivamente, desde a criação e implementação deste programa assistiu-se a um grande investimento ao nível da aquisição de equipamento informático para dotar cada sala de aula com um computador, ligação à Internet, projetor e quadro interativo. Houve igual investimento ao nível da formação de professores, de forma a dotá-los de competências essenciais para a utilização destes recursos.
No entanto, há que sublinhar que as novas tecnologias, só por si, não
ensinam, nem substituem o professor e que “o
mito das tecnologias como produtoras das mudanças de ensino” (Pereira) só
terão impacto na qualidade da aprendizagem dos alunos se os recursos utilizados
num determinado contexto, tiverem uma finalidade pedagógica bem definida, forem
enquadrados em estratégias de ensino fundamentadas, clarificando as metas/objetivos
que se pretendem alcançar.
Para o professor do século XXI,
mais importante do que integrar a tecnologia na sua atividade pedagógica, será
construir novos caminhos e novas atitudes que contribuam para a aprendizagem de
novas competências, que dotem os alunos de uma formação capaz de lidar com uma
sociedade em constante mudança.
Referências bibliográficas:
Pereira, A. s.d. Aprendizagem e Tecnologias. Universidade
Aberta.
Miranda, Guilhermina Lobato (2007). Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo. Revista de
Ciências da Educação, 03, pp.41-50. Acedido em http://sisifo.fpce.ul.pt.
Sem comentários:
Enviar um comentário