domingo, 17 de novembro de 2013

As TIC no Ensino


Segundo algumas investigadoras portuguesas, o aparecimento nas décadas 60 e 70 do século XX das novas tecnologias suscitou alargado debate sobre a sua introdução no ensino e a necessidade dos professores inovarem as suas práticas. A partir da década de 90, com a utilização massiva do computador, ao qual se juntou a Internet, constatou-se que as tecnologias da informação e comunicação invadiram e modificaram completamente os modos de vida quotidianos. Neste contexto, a escola não poderia continuar indiferente à mudança de uma sociedade que, outrora, associava a falta de conhecimentos à falta de informação, e que passa a encarar a falta de conhecimento ao excesso de informação e dificuldade em desenvolver competências para apropriar-se dessa informação, criando conhecimento individual ou coletivo, mobilizável e útil ao próprio contexto em que cada ser humano se movimenta (Pereira).
De igual modo, Guilhermina Miranda (2007) salienta a importância da literacia informática, enquanto “conjunto de conhecimentos, competências e atitudes em relação aos computadores que levam alguém a lidar com confiança com a tecnologia computacional na sua vida diária.” (McInnerney, McInnerney& Marsh; Soloway, Turk & Wilay, citados por Tsai& Tsai, 2003,p.48) e cujo objetivo deveria ser apoiar o professor, permitindo-lhe a utilização de processos que integram recursos técnicos e mobilizá-los com “atitudes positivas” de confiança e sem ansiedade, tendo em vista a melhoria da aprendizagem dos seus alunos.

A partir de 2007, o Ministério da Educação implementou o maior programa de modernização tecnológica das escolas portuguesas, com o objetivo de criar infraestruturas tecnológicas, disponibilizar conteúdos e serviços em linha, e reforçar as competências em TIC de alunos e professores. Com este programa pretendeu-se transformar as escolas portuguesas em espaços de interatividade e partilha sem barreiras, preparando as novas gerações para os desafios da sociedade do conhecimento. Efetivamente, desde a criação e implementação deste programa assistiu-se a um grande investimento ao nível da aquisição de equipamento informático para dotar cada sala de aula com um computador, ligação à Internet, projetor e quadro interativo. Houve igual investimento ao nível da formação de professores, de forma a dotá-los de competências essenciais para a utilização destes recursos.

No entanto, há que sublinhar que as novas tecnologias, só por si, não ensinam, nem substituem o professor e que “o mito das tecnologias como produtoras das mudanças de ensino” (Pereira) só terão impacto na qualidade da aprendizagem dos alunos se os recursos utilizados num determinado contexto, tiverem uma finalidade pedagógica bem definida, forem enquadrados em estratégias de ensino fundamentadas, clarificando as metas/objetivos que se pretendem alcançar.

 Creio que o problema da introdução das TIC no ensino e da falta de visibilidade ao nível da melhoria das aprendizagens, se deve ao facto de, ao integrar-se uma nova tecnologia na sala de aula, ela deveria ser encarada pelo docente “como um suporte de experiências de aprendizagem enriquecedoras para os alunos” e isso determinar que o professor modifique as suas práticas de ensino, reforce as estratégias de ensino-aprendizagem e empreenda com “esforço, persistência e empenhamento” atividades mais criativas e desafiadoras para os alunos.

Para o professor do século XXI, mais importante do que integrar a tecnologia na sua atividade pedagógica, será construir novos caminhos e novas atitudes que contribuam para a aprendizagem de novas competências, que dotem os alunos de uma formação capaz de lidar com uma sociedade em constante mudança.

 

Referências bibliográficas:

Pereira, A. s.d. Aprendizagem e Tecnologias. Universidade Aberta.
Miranda, Guilhermina Lobato (2007). Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 03, pp.41-50. Acedido em http://sisifo.fpce.ul.pt.



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