Atendendo ao facto de vivermos
numa sociedade dominada pelo audiovisual e digital, tem-se revelado
extremamente importante “educar o olhar” dos alunos, utilizando uma grande
diversidade de recursos que fomentem o desenvolvimento de competências ao nível
da literacia visual de imagens fixas e em movimento.
O Programa de Português para o Ensino Secundário, ainda em vigor,
apresenta orientações metodológicas e conteúdos declarativos que apontam nesse
sentido:
No 10º Ano, é apresentada a metodologia para efetuar a descrição do
retrato dando especial atenção aos seguintes aspetos: escolha do ponto de
observação; do modo de observação (fixo ou em movimento); definição do campo de
observação (direita, esquerda, inferior, superior, planos, etc.); seleção dos
traços individualizantes do objeto; ordenação sistemática das observações
(geral / particular ; próximo / distante).No 11º Ano, também a Publicidade é retomada como conteúdo declarativo e a análise de anúncios publicitários (comerciais e institucionais) incide sobre os seus elementos constitutivos (produto, cenário, personagem, argumento, banda sonora, …) em vários suportes e códigos (linguístico, visual e sonoro); estratégias de argumentação (persuasão e manipulação) e relação entre os vários códigos.
Por último, no 12º ano dá-se destaque ao verbal e o visual (a imagem fixa e em movimento) e analisam-se as respetivas funções da imagem (informativa e explicativa).
De igual modo, o atual Programa de Português para o Ensino Básico, contempla o aspeto da literacia visual, eliminando algumas lacunas que outrora existiram entre os programas destes dois níveis de ensino.
De uma maneira geral, os manuais escolares foram incluindo e aperfeiçoando as linhas orientadoras da observação de imagens por parte dos alunos, de modo a procederem à descrição, leitura, análise e interpretação de diferentes textos icónicos.
A questão que se coloca é: Dada a
diversidade de diferentes objetos de aprendizagem audiovisuais, qual a
metodologia adequada para a sua abordagem? Uma fotografia poderá ser analisada
e interpretada como uma pintura? Um filme de ficção (adaptação de uma obra
literária, por ex.) ser analisado como um documentário ou um anúncio
publicitário?
Pela
leitura de Argan e Fagiolo (1994) pode concluir-se que os estudos modernos de
História da Arte desenvolveram-se segundo diferentes diretivas metodológicas,
que devem orientar a construção de grelhas de observação de imagens,
selecionando o método ou métodos que mais se adequem à natureza e finalidade
comunicativa de uma determinada imagem.
Métodos considerados fundamentais:
• Formalista (Escola de Viena) - As formas possuem um conteúdo significativo próprio e a representação mostra-se individualizada. Estuda a formação da obra de arte partindo da teoria da “pura visualidade”, onde as formas têm um contudo significativo próprio. E como a representação dos temas não é puramente descritiva ou ilustrativa, mas universalizada ou idealizada, é precisamente o valor universal ou ideal dos sinais que universaliza ou idealiza a figuração. O campo da arte é o da perceção objetiva.
- Categorias de análise:
- Linear – pictórico
- Profundidade – superfície
- Forma fechada – forma aberta
- Unidade – Multiplicidade
- Clareza absoluta – Clareza relativa.
• Sociológico (Taine, Antal, Hauser) - A obra de arte é determinada por interesses que a circundam.Leva em consideração a relação existente entre a sociedade vigente e a experiência artística. A obra de arte é sempre questionada, promovida, avaliada, utilizada e fruída por um conjunto social. Desse modo, é possível estudar uma obra como determinada e determinante. Entre os fatores que determinam a obra, leva-se em consideração os mecanismos de encomenda, avaliação e remuneração – por quais interesses, de que maneiras, com que fins, algumas pessoas (normalmente ligadas ao poder) encomendam ou adquirem uma obra de arte. O historiador sociológico ocupa-se dos movimentos do mercado artístico, do mecenato, da colecionação e da crítica, bem como da sua influência na orientação do gosto.
• Iconológico (Aby Warburg, Panosfsky) - A atividade artística e seus significados.
Parte da premissa que a obra de arte tem impulsos mais profundos, ao nível do inconsciente individual e coletivo. O que conta é a imagem (o assunto que a rodeia, sua relação com outras imagens e com imagens sedimentadas na memória). A História da Arte do ponto de vista iconológico é a transmissão da transmutação da imagem. Assim, as imagens conseguem atingir várias classes sociais, possuem vida própria e são interpretadas de diversas maneiras.
A iconografia é a descrição e classificação das imagens que presta um importante papel para o estabelecimento de datas, origens e autenticidade e fornece bases para as interpretações ulteriores.
A iconologia é o estudo das infrações ao modelo, do percurso muitas vezes misteriosos da imagem na imaginação, dos motivos para as suas reaparições por vezes muito distanciadas do tempo. Trata-se de um método interpretativo que advém da síntese mais do que da análise.
A iconografia é a descrição e classificação das imagens que presta um importante papel para o estabelecimento de datas, origens e autenticidade e fornece bases para as interpretações ulteriores.
A iconologia é o estudo das infrações ao modelo, do percurso muitas vezes misteriosos da imagem na imaginação, dos motivos para as suas reaparições por vezes muito distanciadas do tempo. Trata-se de um método interpretativo que advém da síntese mais do que da análise.
• Estruturalista – Foi posto em movimento a partir do estruturalismo linguístico – que se caracteriza pela relação de equivalência entre um significante (enunciação do conceito) e um significado (o conceito). O estudo do sinal (semiologia) busca instituir uma ciência absoluta, substituindo a mutabilidade das interpretações pela decifração rigorosa dos sinais mediante a determinação de códigos.
Referência bibliográfica:
Argan, G. Carlo e Fagiolo, M. (1994) – Guia de História da Arte, Editorial Estampa.
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